Pais de primeira viagem costumam ser mais vulneráveis à depressão pós-parto – sim, homens também são vítimas desse estado de melancolia. Veja por quê.
Um bebê proporciona uma completa felicidade ao casal. Mesmo sendo marinheiro de primeira viagem, a empolgação e a expectativa são enormes para ambos. Mas será que após o tranqüilo parto, tudo permanece assim?
Nem sempre, em alguns casos logo em seguida ou poucos meses depois a alegria some e chega o período tenebroso: a depressão pós-parto. E mais uma surpresa, não era a mãe com o sintoma e sim o marido, o pai. As características são semelhantes, ansiedade, tristeza, falta de convivência social. Além de dificuldade para dormir e inaptidão.
Nos consultórios dos terapeutas é comum casos de mulheres que sentem uma pequena tristeza depois de dar à luz ao bebê, chegam a 80% e em torno 10% tem uma depressão pós-parto mais grave. No entanto, os homens também podem ter depressão pós-parto com efeitos perturbadores, porque atingem a nova família: pai, mãe e o recém-nascido. Segundo pesquisas, a depressão pós-parto pode prejudicar o desenvolvimento emocional e cognitivo dos bebês.
A tristeza paterna, que dá as caras logo depois que o bebê nasce, tem nome e sigla. Trata-se da depressão pós-parto, ou DPP, como preferem chamar os especialistas. Muita gente não sabe, mas essa vilã, que acomete 15 em cada 100 mulheres, também tira o sono dos homens. Pior: ela manda embora a disposição, o apetite, o prazer e a alegria de ser pai.
É claro que esse mal não aparece à toa. “Tudo começa depois do nascimento da criança, quando o casal está se adaptando a um novo ritmo de vida e enfrentando os desafios de ver a família crescer”, afirma João Bortoletti Filho, ginecologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. É essa a fase em que várias perguntas passam pela cabeça dos homens: será que vou ser um bom pai? Como educar meu filho? Será que ele vai gostar de mim? “Esse tipo de preocupação pode dar um empurrãozinho para o estresse e a ansiedade”, diz o médico. E estresse, ansiedade, inseguranças, medos… Quando tudo isso foge ao controle, a depressão pode entrar em cena.
A DPP é mais comum entre os pais de primeira viagem ou que não estavam preparados a chegada de um bebê. “As mudanças trazidas pela paternidade têm um impacto maior para esses homens”, observa Florence Kerr-Corrêia, professora de psiquiatria da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. Assim, os especialistas aconselham que os candidatos a papai acompanhem, ao lado da mulher, cada etapa da gravidez. “É na rotina de exames do pré-natal, nas conversas com médicos e outros pais que eles, sem perceber, vão se preparar para o que vem pela frente”, lembra.
Há ainda o caso de homens que sofrem do problema depois que as mulheres apresentam a depressão pós-parto. Mas, calma lá, não é a melancolia delas que contagia o companheiro. “Acontece que, de uma hora para outra, ele passa a ser cobrado ainda mais, porque precisa cuidar da mulher que passa por uma situação delicada. Sem contar o bebê, que passa a exigir atenção redobrada”, conta Marco Antônio Brasil, chefe do serviço de psicologia e psiquiatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro. Essa sobrecarga, segundo o especialista, leva a um efeito dominó pra lá de negativo, que pode culminar na depressão.
Para os homens com DPP, vale a mesma orientação dada às mulheres: conversar com um especialista ao perceber os sintomas. O tratamento depende do grau do problema e pode incluir ou não o uso de medicamentos. Nem sempre o diagnóstico, no entanto, será depressão. “Às vezes, pode ser uma tristeza passageira ou a sensação de que ele foi deixado de lado pela mulher, que é só cuidados com o recém-nascido”, diz Florence.
Nesse caso, o recomendado é abrir o jogo com a companheira e, depois, arregaçar as mangas – trocar fraldas, dar banho, brincar com o bebê. Em outras palavras, curtir, de coração aberto, a grande aventura de ser pai e dar um “xô!” na melancolia.
Via: http://www.corposaun.com e bebe.com.br
Dr. Flávio Cardoso-Brasilia e Michelle Veronese
Pais de primeira viagem costumam ser mais vulneráveis à depressão pós-parto – sim, homens também são vítimas desse estado de melancolia. Veja por quê.
Um bebê proporciona uma completa felicidade ao casal. Mesmo sendo marinheiro de primeira viagem, a empolgação e a expectativa são enormes para ambos. Mas será que após o tranqüilo parto, tudo permanece assim?
Nem sempre, em alguns casos logo em seguida ou poucos meses depois a alegria some e chega o período tenebroso: a depressão pós-parto. E mais uma surpresa, não era a mãe com o sintoma e sim o marido, o pai. As características são semelhantes, ansiedade, tristeza, falta de convivência social. Além de dificuldade para dormir e inaptidão.
Nos consultórios dos terapeutas é comum casos de mulheres que sentem uma pequena tristeza depois de dar à luz ao bebê, chegam a 80% e em torno 10% tem uma depressão pós-parto mais grave. No entanto, os homens também podem ter depressão pós-parto com efeitos perturbadores, porque atingem a nova família: pai, mãe e o recém-nascido. Segundo pesquisas, a depressão pós-parto pode prejudicar o desenvolvimento emocional e cognitivo dos bebês.
A tristeza paterna, que dá as caras logo depois que o bebê nasce, tem nome e sigla. Trata-se da depressão pós-parto, ou DPP, como preferem chamar os especialistas. Muita gente não sabe, mas essa vilã, que acomete 15 em cada 100 mulheres, também tira o sono dos homens. Pior: ela manda embora a disposição, o apetite, o prazer e a alegria de ser pai.
É claro que esse mal não aparece à toa. “Tudo começa depois do nascimento da criança, quando o casal está se adaptando a um novo ritmo de vida e enfrentando os desafios de ver a família crescer”, afirma João Bortoletti Filho, ginecologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. É essa a fase em que várias perguntas passam pela cabeça dos homens: será que vou ser um bom pai? Como educar meu filho? Será que ele vai gostar de mim? “Esse tipo de preocupação pode dar um empurrãozinho para o estresse e a ansiedade”, diz o médico. E estresse, ansiedade, inseguranças, medos… Quando tudo isso foge ao controle, a depressão pode entrar em cena.
A DPP é mais comum entre os pais de primeira viagem ou que não estavam preparados a chegada de um bebê. “As mudanças trazidas pela paternidade têm um impacto maior para esses homens”, observa Florence Kerr-Corrêia, professora de psiquiatria da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. Assim, os especialistas aconselham que os candidatos a papai acompanhem, ao lado da mulher, cada etapa da gravidez. “É na rotina de exames do pré-natal, nas conversas com médicos e outros pais que eles, sem perceber, vão se preparar para o que vem pela frente”, lembra.
Há ainda o caso de homens que sofrem do problema depois que as mulheres apresentam a depressão pós-parto. Mas, calma lá, não é a melancolia delas que contagia o companheiro. “Acontece que, de uma hora para outra, ele passa a ser cobrado ainda mais, porque precisa cuidar da mulher que passa por uma situação delicada. Sem contar o bebê, que passa a exigir atenção redobrada”, conta Marco Antônio Brasil, chefe do serviço de psicologia e psiquiatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro. Essa sobrecarga, segundo o especialista, leva a um efeito dominó pra lá de negativo, que pode culminar na depressão.
Para os homens com DPP, vale a mesma orientação dada às mulheres: conversar com um especialista ao perceber os sintomas. O tratamento depende do grau do problema e pode incluir ou não o uso de medicamentos. Nem sempre o diagnóstico, no entanto, será depressão. “Às vezes, pode ser uma tristeza passageira ou a sensação de que ele foi deixado de lado pela mulher, que é só cuidados com o recém-nascido”, diz Florence. Nesse caso, o recomendado é abrir o jogo com a companheira e, depois, arregaçar as mangas – trocar fraldas, dar banho, brincar com o bebê. Em outras palavras, curtir, de coração aberto, a grande aventura de ser pai e dar um “xô!” na melancolia.
Nossa, nunca havia ouvido falar.
Mas acredito mesmo que possa ocorrer sim, principalmente em pais mais participativos, creio eu…
Interessante.
BJos
ótimo post, super esclarecedor para os papais que passam por aqui e tmb para as esposas que percebem comportamentos estranhos dos seus companheiros e muitas vezes não conseguem identificar o que é. Aqui em casa, percebi quando Alice nasceu e agora com o Rafael que meu marido ficou super estressado, principalmente durante o primeiro mês do bb. Ele se sentia pressionado a dar conta de tudo (trabalho/contas/casa/filhos/esposa), mesmo sem eu o pressionar. É uma pressão interna, e com o tempo fomos conversando e as coisas voltando ao seu devido lugar. Não chegou a ser uma depressão pós parto, mas uma confusão de papéis. A dificuldade ocorre quando o marido realmente necessita de ajuda e por "n" motivos não procuram ajuda adequada. Homem dificilmente vai ao médico/psicólogo.
Bjsss.
Muito interessante! Aqui em casa eu senti de leve uma mudança no meu marido assim que soubemos da gravidez. A pressão interna pra eles é grande. Eles sentem que terão que dar conta de tudo, inclusive das contas em si. Acredito que todas devermos prestar muita atenção ao nosso amor em todos os momentos e ainda mais nesse. Aqui estabelecemos um comportamento assim: um cuidado do outro e não essa 'coisa' dele ter que cuidar de mim e de todas as minhas necessidades por EU estar grávida e pronto. Quando ele está nervoso, eu o acalmo, e vice-versa. Companheirismo sempre, né? Ainda veremos como será após o nascimento do pequeno… Mas estarei sempre de braços abertos para ele e ele para mim e nós para o rebentinho. Assim que deve ser. Parabens pela postagem! Demais! Alias, mandei o texto pro marido (com o link)… 🙂
Esse mundo moderno tende a dar nomes em todos os problemas que surgem na sociedade! A questão é que não percebem que a vida é "dura" e que é necessário enfrentar as dificuldades. Certo rabino judeu falou sabiamente que a depressão é um problema mal resolvido. Quanto mais foge do proplema maior ele fica… ter filhos exige uma tarefa ardua isso todos sabem… A questão é que querem dar nome a todos os tipos de problemas que existem desde que mundo é mundo! Vamos enfrentar a vida!!! Problemas teremos sempre enquanto formos vivos o que importa é o que faremos perante ele!
Parabéns Hilan pela iniciativa de colocar este assunto em pauta! Super interessante! Abçs
Não acho tão difícil imaginar isso, tendo em vista que o pobre pai vira um mero figurante da família depois que o filho nasce.
Sabe que um amigo teve depressão pós-parto seríssima. A mulher ainda estava no hospital, se não me engano, e o cara simplesmente sumiu. Pegou o carro e saiu dirigindo sem rumo pela estrada. Foi localizado somente no dia seguinte, por amigos, por meio de GPS. Ele morava em Campinas e foi encontrado em Curitiba.
Achou que não daria conta de tanta responsabilidade.