Chamamos de bebê prematuro aqueles que nascem antes das 37 semanas de gestação, ou seja, antes de seu desenvolvimento completo no útero. Essa condição pode gerar algumas complicações graves, sendo uma das principais causas de mortalidade infantil no mundo. Além disso, a prematuridade também pode afetar tanto o desenvolvimento físico quanto o neurológico dos bebês.
Nos últimos anos, a prematuridade tem ganhado destaque devido ao aumento dos casos e às discussões sobre as causas, as formas de prevenção e os avanços no tratamento de bebês prematuros.
Mas, com o avanço das tecnologias neonatais e dos cuidados intensivos, muitos prematuros conseguem levar uma vida completamente normal, embora alguns ainda possam enfrentar uma série de desafios ao longo da vida, incluindo problemas respiratórios, dificuldades de aprendizado e deficiências motoras.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 12% dos nascimentos no Brasil ocorrem de forma prematura, e as causas variam desde infecções maternas até complicações gestacionais, como hipertensão e diabetes.
A prematuridade não afeta apenas a saúde do bebê, mas também impacta profundamente a família, que muitas vezes precisa lidar com longos períodos de internação, incertezas sobre o desenvolvimento da criança e os desafios emocionais e financeiros.
Por isso, falar sobre o que é prematuridade e a necessidade de apoio às famílias é fundamental para melhorar o prognóstico desses pequenos guerreiros.
Níveis de prematuridade
O Ministério da Saúde classifica os níveis de prematuridade de acordo com a idade gestacional, ou seja, com o tempo que o bebê ficou no útero. Essa classificação ajuda a entender melhor as necessidades de cada bebê e os cuidados que devem ser oferecidos. São eles:
- Prematuro extremo: São os bebês que nascem com menos de 28 semanas de gestação. Esse é o grupo que precisa de mais cuidados intensivos, já que seu organismo ainda está em desenvolvimento, e muitos órgãos ainda são funcionam plenamente. Nesses casos, pode ser preciso o uso de tecnologias de suporte à vida, como respiradores.
- Prematuro muito precoce: Bebês que nascem entre 28 e 31 semanas de gestação. Embora ainda precisem de cuidados intensivos, o quadro clínico costuma ser mais tranquilo que prematuros extremos, mas o acompanhamento de desenvolvimento continua sendo essencial.
- Prematuro moderado: Esses bebês nascem entre 32 e 33 semanas de gestação. Embora possam necessitar de um breve período de permanência em unidades de cuidados neonatais, o risco de complicações é menor, quando comparados com os outros dois grupos.
- Prematuro tardio: Nascidos entre 34 e 36 semanas e 6 dias de gestação, esses bebês podem precisar de assistência mínima, mas ainda assim é importante o monitoramento, já que ainda existe a chance de problemas respiratórios e dificuldades na alimentação.
No entanto, é importante ter em mente que cada bebê é único, e que existem outros parâmetros que podem afetar o quadro clínico.
O peso ao nascer
Quando falamos sobre bebês prematuros, além da idade gestacional, o peso ao nascer é um fator muito importante na hora da avaliação e do planejamento dos cuidados.
O Ministério da Saúde classifica esses bebês, de acordo com o peso, da seguinte maneira:
- Peso normal: Bebês que nascem com 2.500 gramas ou mais. Mesmo sendo prematuros, esses bebês geralmente enfrentam menos complicações e, muitas vezes, não precisam de cuidados intensivos por muito tempo.
- Baixo peso ao nascer: São aqueles que nascem pesando entre 1.500 e 2.499 gramas. Essa faixa é comum entre os prematuros moderados e tardios. Esses bebês podem precisar de um pouco mais de atenção, especialmente para respirar e se alimentar bem.
- Muito baixo peso ao nascer: Aqui entram os bebês que nascem com peso entre 1.000 e 1.499 gramas. Esses pequenos requerem mais cuidados, muitas vezes precisando ficar em incubadoras para ajudar a regular a temperatura e receber apoio para respirar, além de cuidados com a alimentação.
- Extremo baixo peso ao nascer: São os bebês que nascem com menos de 1.000 gramas. Como geralmente são prematuros extremos, precisam de atenção especial e ficar em unidades de cuidados intensivos. Embora o desafio seja maior, os avanços médicos aumentam as chances de que esses bebês se desenvolvam bem.
Em outras palavras, quanto menor o peso, mais delicado e intensivo deve ser o cuidado, mas com a equipe médica certa, as chances de crescimento saudável são muito maiores.
Possíveis complicações da prematuridade
A prematuridade, além de exigir cuidados intensivos logo após o nascimento, pode levar ao desenvolvimento de alguns distúrbios de saúde, que variam conforme a idade gestacional e o peso ao nascer.
As principais complicações incluem:
- Dificuldades respiratórias: Como os pulmões dos bebês prematuros muitas vezes não estão completamente desenvolvidos, eles podem ter problemas para respirar. Assim, muitos desses pequenos podem precisar usar cânulas de oxigênio ou mesmo um respirador artificial.
- Problemas de controle da temperatura: Por terem menos gordura corporal e um organismo ainda em desenvolvimento, muitos desses bebês têm dificuldades para regular a própria temperatura. Eles podem perder calor corporal rapidamente, aumentando o risco de hipotermia, quando o corpo esfria perigosamente. Por isso, muitos precisam de incubadoras para manter a temperatura adequada.
- Dificuldades na alimentação: Prematuros, especialmente os menores, podem não ter força suficiente para sugar e engolir o leite. Além disso, seus sistemas digestivos ainda estão em desenvolvimento, o que pode dificultar a absorção de nutrientes. Por isso, muitas vezes, é necessário o uso de sondas para alimentá-los nas primeiras semanas.
- Infecções: Com um sistema imunológico ainda imaturo, esses bebês são mais vulneráveis a infecções. E, por estarem em ambientes hospitalares e, muitas vezes, precisarem de procedimentos invasivos, como cateteres, o risco de infecções bacterianas ou virais aumenta.
- Problemas neurológicos: Bebês nascidos muito cedo correm maior risco de hemorragia cerebral. Dependendo da gravidade, isso pode levar a problemas de desenvolvimento cognitivo e motor.
- Retinopatia da prematuridade: Essa complicação afeta os olhos dos prematuros, e acontece quando os vasos sanguíneos da retina, na parte de trás do olho, não se desenvolvem corretamente. Em casos graves, pode causar perda de visão, sendo necessário tratamento especializado.
Embora essas complicações possam parecer assustadoras, é importante lembrar que, com os cuidados certos e o apoio médico adequado, a maioria dos bebês prematuros se desenvolve normalmente e pode levar uma vida saudável e tranquila.
Tempo de internação de um bebê prematuro
O tempo de internação de bebês prematuros pode variar bastante, dependendo de fatores como a idade gestacional no nascimento, o peso ao nascer e as possíveis complicações de saúde. Em geral, os prematuros precisam ficar internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo) para monitoramento constante e os suportes necessários, como oxigênio, ventilação mecânica, controle de temperatura e alimentação por sonda.
Às vezes, os bebês prematuros, principalmente aqueles com menos de 28 semanas de gestação, tendem a ficar internados por longos períodos, muitas vezes até a data em que completariam 40 semanas de gestação, quando estariam prontos para nascer a termo.
Conforme o bebê se desenvolve, o foco da equipe médica é garantir que ele consiga respirar sozinho, sem nenhum tipo de ajuda, manter sua temperatura corporal e se alimentar por via oral. No entanto, complicações como infecções, problemas respiratórios, hemorragias cerebrais e outros fatores podem aumentar o tempo de internação na UTI Neo.
Cuidados dos bebês prematuros após a alta
Além dos cuidados intensivos, é importante que as famílias sejam preparadas para cuidar dos bebês após a alta hospitalar, já que muitos prematuros ainda requerem cuidados especiais, consultas frequentes e terapias de reabilitação para garantir um desenvolvimento adequado nos primeiros anos de vida.
Assim, durante a internação na UTI Neo, a equipe médica costuma envolver os pais no processo de cuidado, oferecendo orientações práticas e específicas sobre a saúde do bebê.
Uma das principais ênfases do treinamento é ensinar os pais a reconhecer sinais de alerta de complicações respiratórias, que são comuns em bebês prematuros.
Outro ponto importante é a alimentação, já que muitos prematuros têm dificuldades em se alimentar de forma eficiente, tanto pela imaturidade do sistema digestivo quanto pela dificuldade em coordenar a sucção, deglutição e respiração. Nesses casos, os pais são orientados a seguir um esquema de alimentação adequado, seja por meio de mamadeiras, aleitamento materno ou, em alguns casos, alimentação por sonda, até que o bebê seja capaz de mamar sozinho.
Os cuidados com a higiene e a proteção contra infecções também são essenciais, uma vez que esses bebês possuem um sistema imunológico mais frágil. A equipe médica ensina os pais sobre a importância de manter um ambiente higienizado, evitar contato com pessoas doentes e seguir um cronograma rigoroso de vacinação, incluindo imunizações especiais, como a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR).
Por fim, além dos cuidados médicos, o suporte emocional e psicológico aos pais é essencial. Eles precisam aprender a lidar com a ansiedade e as preocupações, sendo encorajados a participar de grupos de apoio ou a buscar ajuda psicológica.
Por que o bebê nasce prematuro?
Os partos prematuros podem ser causados por diversos fatores, e em muitos casos é resultado de uma combinação de problemas. Assim, embora as causas variem, elas podem ser classificadas em três categorias principais:
Causas relacionadas à saúde da mãe
- Doenças crônicas como hipertensão e diabetes gestacional são fatores de risco conhecidos para o parto pré-termo.
- Infecções maternas, incluindo infecções urinárias, vaginais e uterinas, são causas comuns de prematuridade.
- Insuficiência cervical, que ocorre quando o colo do útero se abre de maneira precoce e espontânea.
Complicações na gestação
- Gravidez múltipla (gêmeos, trigêmeos ou mais) aumenta significativamente o risco de parto antes da hora, uma vez que o útero é submetido a maior pressão e o espaço disponível para o desenvolvimento dos bebês é reduzido.
- Descolamento prematuro da placenta ou outros problemas placentários podem interromper o fornecimento de oxigênio e nutrientes para o bebê, forçando a antecipação do parto.
- Pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada por pressão arterial alta e danos a outros órgãos, pode representar um risco tanto para a mãe quanto para o bebê. Muitas vezes, o problema exige a realização de um parto emergencial antecipado.
Fatores externos e comportamentais
- O estilo de vida da gestante pode impactar diretamente o risco de prematuridade. Isso inclui o tabagismo, o uso de drogas, o consumo de álcool e a exposição a substâncias tóxicas.
- Estresse emocional e físico intenso durante a gravidez também pode contribuir para a prematuridade.
- Fatores socioeconômicos, como o acesso inadequado ao pré-natal e condições de vida precárias também estão associados a maiores taxas de nascimentos prematuros, especialmente em países em desenvolvimento.
É possível prevenir o parto prematuro?
Embora nem todos os casos de parto antes do tempo possam ser evitados, existem algumas recomendações que ajudam a reduzir bastante o risco de um bebê nascer antes do tempo.
Um dos principais fatores para evitar a prematuridade é o acompanhamento pré-natal de qualidade, com consultas regulares com o obstetra para garantir que a saúde da mãe e do bebê seja constantemente monitorada. Assim, é possível identificar boa parte das complicações.
Durante essas consultas, o médico também dará informações e orientações sobre algumas mudanças de estilo de vida que irão contribuir para a prevenção da prematuridade e para melhorar a saúde da mãe e do bebê. Isso inclui dicas de alimentação saudáveis, prática de atividade física, e a evitação de cigarro, álcool e outras substâncias.
Outro procedimento preventivo é o cerclagem uterina, uma técnica que consiste na sutura do colo do útero para evitar que ele se dilate prematuramente, especialmente em mulheres com insuficiência cervical.
Existem ainda outras recomendações médicas, a depender das especificidades de cada caso. Mas o importante é realizar o pré-natal corretamente e seguir as orientações da equipe de saúde.
Conclusão
O nascimento de um bebê prematuro é um desafio que afeta milhões de famílias em todo o mundo, e requer atenção redobrada desde o parto até os cuidados após a alta hospitalar.
Apesar de não ser possível evitar todos os casos de parto prematuro, o acesso a cuidados médicos adequados, a orientação sobre os fatores de risco e a adoção de hábitos saudáveis podem reduzir as chances isso acontecer.
Além disso, os avanços na medicina têm melhorado cada vez mais o cuidado dos bebês prematuros, possibilitando um desenvolvimento saudável.
Desta forma, a conscientização sobre a prematuridade, o fortalecimento do apoio às famílias e melhora do acesso a cuidados neonatais de qualidade, são fatores que devem ser priorizados.